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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Oblívio e saudade


Talvez seja melhor mesmo ceder
Trancar as engendras da memória
Ceder toda história, esquecer
e se o sol novamente nascer
não pender pra derrota nem pra vitória
Não é cruel o monstro da amnésia
Ele leva de mim a escória
e no caminho sem volta de uma falésia
jamais voltará a minha história

A lembrança ruim e a boa
São de uma lâmina só gumes
A ruim de ti um dia caçoa
e se o presente do auge dissoa
a boa te conduz à do passado o cume
Mas sabe, ambas no fim cortam fundo
antiga boa lembrança é distante vagalume
Inalcançável como os confins do mundo,
seu conteúdo não há quem exume.

Concluo que escolho a ignorância
assim como seu consequente deleite
se porém dos fatos a inconstância
neutraliza cada minha estância
talvez nesse esquecimento me afeite
Nas profundezas do oblívio
o deleite seria meu azeite
e a inconstância de meu convívio
e finalmente, a ignorância meu enfeite

Max Oda
23/12/2014

sexta-feira, 21 de maio de 2010

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Perguntas

Se do presente ao futuro saltasse
quatro vezes doze destes meses,
encontraria a mim outras vezes
cedo ausente se no escuro calasse?

Estaria marcado com o azar do treze?
Seria atormentado ainda com impasses?
Gélido numa similar súbita estase?
Em intrépido estado de baixa classe?

Escrevendo em charada meu sentimento?
Em parábola transtemporal de outra pessoa
Com inquieto e louco grito de fomento?
Com mesma falha que da moral dessoa?

Esse ser futuro por acaso consoa?
Com alguma saída de novo invento
Voou por sobre as asas do léu do vento?
Tendo muito remado ascendeu ã proa?

Teria inspiração para respostas novas?
Seria ainda a mera ignorância só?
Na patética humilhação de Jó
de novo sucumbiria nas mesmas covas?

escrita dia 01-12-2009




domingo, 8 de novembro de 2009

Obrigado

Eu tenho a plena certeza de que de todas situações em que poderia estar, a presente é a que comparativamente à análise combinatória de todas outras é aquela na qual há a minha maior satisfação pela cooperação em favor de meu próprio bem.
Max - 09-11-09

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Reflexão e reflexo

Vejo as pessoas mudarem tanto
Que em cinco anos não reconheço,
Uma enorme distinção do começo,
Tão grande perda de encanto.

Extraviam-me os fracos sentidos
a lembrar de como corriam,
chego a duvidar de como ria
com os olhos salgados, ardidos.

Numa tentativa de rumo
Perdeu-se a graça e a pureza.
Tão escassa é a nobreza,
como a fumaça do fumo

Como vale a precaução
Se vã torna-se tal beleza.
Foi bom titubear a ação
À evitar futura tristeza

Max - 26-10-09, pela manhã



sábado, 26 de setembro de 2009

Pedaço
Ao som de: Tears for fears - woman in chains


Foi-se saudoso o meu passado.
Um pouco de mim foi-se junto:
Pedaço vivo, pedaço defunto;
Estou como um ser desossado.

Já não mudo mais de assunto,
O compasso é descompassado,
Desfalece-me o meu conjunto
Com meu coração atravessado.

Saudade da minha felicidade,
Companhia já meio arcaica,
Já não a tenho pela cidade.

Severo é o som da balalaica,
Minha canção sem comodidade:
Vero bailar, tétrica romaica.

Essa minha página pausada
Que teima porém não mais vira,
De todo avesso me revira
E envelhece-se de usada.

Meu âmago de dentro retira,
Escarnece da minha ossada.
Na deserção jogado estira
Meu ser em investida ousada.

Me resta a música, soneto,
Uma bem pungente escritura
como o amargo do cianeto.

Restam-me as alturas das alturas,
Os romantismos de Azevedo
E as alvuras das destras puras.

Max 08/08/09

domingo, 2 de agosto de 2009

O Julgamento

No tribunal do Senhor adentrei.
Trouxe minha causa e desígnio
Ao onisciente escrutínio.
Pelos portais eternos eu entrei.

Eu vim vazio do extermínio.
Em oração eu me apresentei;
Em jejum, eu não me alimentei:
Julgarás o meu morticínio.

Ainda hoje raiará justiça
Ou que eu seja sepultado
Nas profundidades movediças.

Porque tem o ímpio malvado
Feito minha ruína premissa
Para o seu ganho depravado.

Max - 03 08 09, 00:40

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Morte e enobrecimento

Morte e enobrecimento

Uma coisa faço quando enfurecido;
Sim, eu me lembro da minha morte:
Capciosa espécie de fúnebre sorte.
Encolho-me com franzimento estarrecido.

Uma mágoa, uma tristeza, que importe;
Algum sentimento iroso decíduo.
Logo baixaremos no caixão o porte
Sem de sentimento algum deixar resíduo.

Descerá junto também todo perdão,
Toda chance perdida de reconciliação:
Sepultados com a chance do arrependimento,

Trancados no infinito por alçapão,
Em pecado sorvido, úmido e cruento,
todo consequente do aborrecimento

13 07 09 - Max